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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Gilberto Gil e sua turnê Banda Larga

A última turnê do cantor Gilberto Gil que aconteceu nos últimos meses na Europa e no Brasil foi batizada de Banda Larga não por acaso. O ministro da cultura quis dedicar a turnê às novas tecnologias e ao problema de acessibilidade à propriedade intelectual. Ele acredita que "a cultura como um todo e a música, principalmente, devem se tornar livres e compartilháveis assim como o software Linux".

Cada apresentação dessa turnê foi aberta por uma voz que diz: "Pede-se aos senhores espectadores para que filmem e fotografem o show e para que o baixem no site de Gilberto Gil". "Estamos em uma fase de continua evolução. Não se pode pensar em defender o existente. É necessário procurar novos modelos, novas definições de direitos autorais e novos modos de remunerar os artistas", explicou Gil.

Em tempos de reality shows e transmissões online, o cantor abusou das possibilidades internéticas e disponibilizou em seu site – http://www.gilbertogil.com.br/ – fotos, vídeos e MP3 de todos os shows – muitos deles produzidos e enviados pelos fãs que estiveram presentes nos espetáculos. Toda a turnê foi transmitida ao vivo pelo site. Para completar, Banda Larga está no universo paralelo do Second Life e ganhou um blog.


  • Ao pesquisar sobre essa turnê encontrei uma entrevista com Gil que falou ao jornal O GLOBO sobre os rumos de sua carreira artística e como isso pode repercutir em sua atuação no governo Lula.

O GLOBO: A liberação de gravação e transmissão de seus shows na turnê “Banda Larga” vai se manter nos shows posteriores?


Gilberto Gil: Estou querendo encaminhar meu trabalho artístico cada vez mais para o ambiente digital. Quero aproveitar todas as possibilidades mais atuais de br oadcasting, webcasting, ipodcasting... E tudo isso envolve a grande mutação tecnológica pela qual a internet vem passando, que é a banda larga. Daí o nome da turnê. Vamos ver como será esse projeto em funcionamento na excursão da Europa. Não sabemos em que extensão vamos conseguir levá-lo adiante lá. Mas, daqui para a frente, sim, vou procurar fazer isso com todos os meus shows. Todo mundo pode filmar, fotografar, transmitir por celular


O GLOBO: Como o artista que quer aderir à licença pública resolve isso com sua gravadora? Gil: Tem de haver negociação. Acho que as gravadoras estão transitando de uma posição de resistência absoluta contra isso para uma postura de negociação e compartilhamento. Agora mesmo, a EMI resolveu pôr todo o repertório dela na Amazon.com (com venda sem sistema de proteção anticópia).O senhor já tentou licenciar publicamente trabalhos seus, mas a Warner não permitiu. Como seria essa negociação?


Gil: Não sei ainda. Primeiro, não tenho mais vínculos diretos com a Warner, tenho contrato para a gravação de mais um CD apenas. Mas o acervo da minha obra está na mão deles. Por isso, devo colocar minha obra à disposição por meio de novos fonogramas, que não estejam vinculados à Warner. Vou regravar todo o meu repertório pela minha gravadora. Então, ele poderá ser posto em domínio público.

O GLOBO: A “Banda Larga” poderia se refletir em alguma ação do ministro Gil a favor da licença pública de música? Gil: A iniciativa que o ministério está tomando é de propor à Casa Civil (da Presidência da República) e aos ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia, ou seja, todos que estejam envolvidos em questões de direito do autor, propriedade intelectual e patentes, uma revisão do marco legal brasileiro, que a legislação brasileira de direitos autorais seja revista. Já encaminhamos essa proposta à Casa Civil, a partir da nossa Diretoria de Direitos Autorais.Uma das principais críticas à licença pública de música é a eventual perda dos direitos autorais. O que o senhor acha disso?

Gil: O Creative Commons não exclui a remuneração do artista. Uma das finalidades dele é estimular a circulação das obras, o que cria novas formas de remuneração de seus autores.Em muitos discos, uma, duas, no máximo quatro faixas são mais divulgadas; as outras ficam esquecidas. A circulação dos trabalhos por esses novos meios possibilita a divulgação de todas as faixas, inclusive dessas abandonadas, que praticamente foram para o lixo. A resposta a essas críticas é a realidade. A realidade vai à frente de tudo.

Essa entrevista foi publicada dia 13/06/2007.

O show em São Paulo foi transmitido ao vivo pelo seu site e pelo portal IG e está disponível para quem quiser assistir. Durante o show Gil declara que recebeu contato de sua filha em Nova York que estava acompanhando o show "via banda larga".



O clipe de produção caseira da música de trabalho Banda Larga Cordel foi gravado num celular pelo renomado cineasta Andrucha Waddington

Qualquer crítica minha aqui é suspeita já que sou super fã do cantor e já pude curtir o show e baixar bastante músicas em seu site. Deixo então um pedaço do show de São Paulo que está disponível em seu site e no portal do IG para todos curtirem. E não por acaso que a música escolhida foi Pela Internet.





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